Uso de cultivares resistentes é o método mais recomendado para controle das principais doenças (Foto: Aires Mariga / Epagri)
A mandioca, planta nativa do Brasil, é a quarta cultura agrícola mais importante no mundo, ficando atrás apenas de arroz, milho e trigo. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em 2002 a produção mundial foi estimada em 330 milhões de toneladas. Santa Catarina conta com 12,5 mil hectares cultivados com o tubérculo. Os dados mais recentes apontam que a agricultura familiar é responsável por cerca de 85% da produção e comercialização de mandioca no Estado.
Diante da importância dessa cadeia produtiva, um artigo publicado na revista científica da Epagri, a Agropecuária Catarinense, discute o controle das doenças da mandioca nas diferentes regiões brasileiras. Segundo a publicação, “o controle das doenças da mandioca requer a adoção de diferentes práticas, de forma a preservar a sanidade da cultura, seja em âmbito local ou nacional”.
Cultivares e material de propagação
O artigo afirma que o uso de cultivares resistentes é o método mais recomendado para controle das principais doenças da cultura, como a bacteriose. Os programas de melhoramento genético da espécie selecionam materiais resistentes pela sua diversidade genética, o que após os cruzamentos originam novos cultivares resistentes. A publicação destaca a importância de testes de adaptação às condições climáticas antes da recomendação de um cultivar de mandioca para uma determinada região, “pois sua resposta pode variar bastante, relacionando-se inclusive com a sua resistência às doenças”, alerta.
A publicação trata ainda da seleção de material de propagação sadio, destacando que essa prática geralmente é negligenciada pelos técnicos e produtores da hortaliça. Segundo os autores, “grande parte dos patógenos que afetam a mandioca são transmitidos pela propagação de manivas doentes”, por isso, “é importante reforçar essa medida de controle”, apontam.
Outra recomendação da publicação é a propagação de material livre de vírus. “Os vírus de maior ocorrência no Brasil são disseminados a partir de manivas infectadas”, afirmam os autores. Eles ressaltam ainda a importância de usar plantas livres de vírus em associação com práticas adequadas para evitar a reinfecção das plantas, uma vez que o vírus se transmite mecanicamente pela utilização de ferramentas contaminadas.
Nesse aspecto, o artigo lembra que a Embrapa Mandioca e Fruticultura desenvolveu a RENIVA, uma rede de multiplicação e transferência de manivas-semente de mandioca com qualidade genética e fitossanitária direcionada tanto para pequenos quanto para grandes produtores.
Época de plantio e rotação de culturas
A mudança de época do plantio, viável em algumas regiões produtoras, é outra prática sugerida pelos autores, assim, como a rotação de culturas, eficiente principalmente para manejo de doenças radiculares. Já o controle químico por meio de fungicidas é recomendado para controle de manchas foliares da mandioca.
Por fim, o artigo coloca a importância de detecção de patógenos quarentenários como importante ferramenta para combater o ingresso no Brasil de vírus causadores de doenças da mandioca, presentes nos países africanos. Os autores lembram que a detecção da vassoura de bruxa da mandioca no estado do Amapá já desencadeou a implementação de medidas quarentenárias. “Recomenda-se que os produtores de mandioca devem ser cada vez mais cautelosos em trazer manivas de outras regiões de cultivo”, finaliza a publicação.
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